RetrospecTipo 2023
Relembrar é viver + coisas legais feitas no Brasil + perguntas e respostas
Tempo de leitura: 4 minutos
Primeiramente, um bom ano a vocês. Na última edição, eu (sutilmente) avisei que não queria deixar o Tipo Aquilo parado, mas não vou mentir que, até março, estarei bem atribulado. Por isso, essa edição traz um pouco dos textos dos Tipo Aquilo do ano passado que eu mais gostei de ter escrito e foram melhor recebidos por vocês. Só que vários novos leitores chegaram desde a pausa de fim de ano; por isso, mais do que uma simples retrospectiva do TA, acho legal aproveitar a ocasião para me apresentar e falar de algumas coisas legais que rolaram na tipografia brasileira no ano passado.
Por enquanto, vamos falar da porta para dentro. Caso você seja um novo assinante: muito prazer, eu sou Cadu Carvalho, designer gráfico, desenvolvedor front-end, Especialista em Tipografia pela Universidade Senac de São Paulo, aspirante a calígrafo, autor de piadas ruins e produtor do Tipo Aquilo desde 2019. (=
Pra quem vem do
: sim, eu sou monotemático sobre tipografia desde 2019. Eu acredito que tipografia, ao menos no meio digital, é um tema ainda pouco explorado em língua portuguesa e que, quando bem contextualizado, rende muitas histórias e reflexões pra contar. Não posso dizer com certeza quantas fontes tipográficas e estilos de escritas você pode chegar a ver ao longo de um dia; mas posso dizer não apenas o porquê daquela fonte estar ali, como também o caminho que ela, ou o estilo que ela representa, fez até chegar à sua vista.(favor não perguntar o quão popular isso me torna em botecos e rodas de amigos)
O Tipo Aquilo é a maior expressão dessa minha relação passional com letras pré-fabricadas, uma egotrip quinzenal em que preparo histórias onde a tipografia aparece como protagonista ou coadjuvante de peso. Foram 79 edições, todas disponíveis para leitura — sem contar o caderno TA.calt, em que eu faço algumas abordagens diferentes e experimentais. Algumas, melhor recebidas pelos leitores do que outras.
Por exemplo, no ano passado, a edição #71 sobre Cristina de Pisano e caligrafia medieval foi uma das mais bem-recebidas, e uma das que mais gostei de ter escrito. Ela veio após uma oficina de paleografia da Stephanie Sander, medievalista e doutoranda pela UFSC, sendo a Cristina um de seus maiores objetos de estudo. Fazia tempo que eu queria falar de caligrafia, e acabou que a vida da autora/calígrafa/produtora do séc. XIV mostrou-se um gancho perfeito.
Dentre as edições regulares, a edição #76 sobre mudanças recentes de marcas também teve uma boa aceitação. Branding é um assunto que eu tenho certo carinho, então busquei falar brevemente de alguns logotipos e suas evoluções sem apelar para sensacionalismo ou review de JPG, o que tem se tornado comum. O caso recente do rebranding do Itaú mostra como a poluição de tantas análises rasas torna difícil o acesso a textos mais completos sobre o projeto, inclusive os de quem participou do projeto de atualização da marca.
Como a música também é uma paixão deste que vos escreve, a edição #74 sobre capas de álbuns de jazz e rock foi um dos que eu mais me diverti enquanto escrevia. Não apenas pela oportunidade de ouvir novamente tanta música legal, mas também porque a ideia original desse texto era bem diferente e o processo de pesquisa me obrigou a tomar outro rumo — este, inesperado, mas que me deixou bem satisfeito no fim das contas. A ideia original ainda está guardada, e deve aparecer aqui neste ano.
Dentre as edições alternativas, o primeiro Interrobang teve uma aceitação boa, ainda que inesperada. Ela flerta com algumas vezes que fiz threads sobre tipografia no Twitter que tiveram repercussões bem boas, e será um formato que vocês verão mais vezes aqui. Aliás: se tiverem dúvidas gerais sobre tipografia, podem mandar ou escrever nos comentários, que eu respondo diretamente e no Interrobang. ;)
Por fim, teve um texto que eu adorei a experiência de tê-lo escrito, mas que não foi publicado aqui. Já disse antes, mas sempre gosto de mostrar minha gratidão à Revista Recorte, que abriu as portas para outro texto que adorei ter escrito, sobre tropos e estereótipos de etnia e gênero em tipografia. No fim das contas, eu escrevo mais pra apender do que pra ensinar; quem leu o texto e curtiu não faz a menor ideia do quanto eu mesmo aprendi tendo escrito.
2023 foi um ano bem legal para a tipografia brasileira. Comecemos pelos eventos, em que tivemos a volta dos Diatipos regionais com o DiaTipo Belém, organizado e realizado pela Belém Type, e que estará de volta em 2024 trazendo grandes nomes da tipografia brasileira à cidade em que Jesus nasceu capital paraense e exportando a rica cultura do Norte brasileiro.
Também teve a segunda edição do DiaTipo SP desde a volta dos eventos presenciais, trazendo de volta os workshops com oficineiros de excelência (imagine aprender Glyphs com um de seus desenvolvedores… pois é, rolou) e a festa da firma da tipografia brazuca com convidados ilustres da comunidade internacional. Inclusive, teve até inauguração de foundry nacional, com a Déia Kulpas e Filipe Negrão juntando forças com a ligatipo.
Um pouco de auto-jabá: com o time da Plau, desenvolvemos o Brandcooker, uma ferramenta importante para pessoas interessadas em branding e criação de identidades visuais praticarem a criação de logotipos com briefings randômicos de diferentes níveis de complexidade. A sagacidade de Rodrigo Saiani, Carlos Mignon e toda a equipe da Plau em criar uma comunidade de aficcionados em torno das lives, masterclasses e da ferramenta em si é uma grande contribuição para o mercado.
A quantidade de projetos de designers, foundries e estúdios brasileiros de tipografia premiados no Brasil e mundo afora também é um motivo de orgulho para a nossa indústria. Estúdios de pessoas queridas e referências, como a Blackletra, Fabio Haag Type, Cyla Costa Studio e a Plau, entre outros, receberam prêmios importantes que mostram a valorização da tipografia no mercado nacional de design e publicidade.
Por fim, respondendo três perguntas:
Cadu, você vai continuar atualizando o Instagram do TA? Sim. Ele está parado por culpa do Affinity Designer contratempos deste que vos escreve, mas vai voltar.
Cadu, você vai monetizar o TA de alguma forma? Mensalidade? Paywall? Doação? Não. Porém, sempre aceito elogios e compartilhamentos quando acharem que mereço.
Cadu, quando o TA volta (mesmo) nesse ano? Em março.
Cadu, qual é a velocidade de voo de uma… chega, já foi por hoje. Prestigiem a carta de amigo secreto/oculto da querida
no troca-troca de escritores do ano passado, sigam o e sejam felizes na medida do possível e saudável. Abraços, e até logo. (=
✨✨✨✨✨🫶