Folhetim #2 – Audi, letras-caixa, letras flutuantes e tipos no espaço
Uma compilação rápida de links interessantes, história e comentários
Um acervo ocasional de letras-caixa
Em uma avenida pacata de Minneapolis, a galeria de antiguidades hunt & gather guarda em seu acervo várias letras-caixa. Outrora utilizadas em fachadas, painéis publicitários e outros displays, as letras agora servem como artefatos lúdicos e de experimentação para a montagem física de palavras e expressões por quem visita a galeria. A galeria de Kristi Stratton conta com o apoio de amigos, designers, empreiteiros locais e catadores para manter vivo e sempre crescente o acervo de letras com que as pessoas podem brincar e interagir.
Stratton tem também a ajuda da tipógrafa Charlotte Staid para filtrar, catalogar, organizar e ajudar a manter o acervo de letras-caixa da h&g. Nesse artigo da Print, a designer Susan Dietrich conta sobre como a hunt & gather ajuda a manter viva a tradição das letras-caixa e da própria tipografia como um experimento comunitário.
🔗 Print: A Typography of Reuse
DiaTipo São Paulo 2024
Está chegando a próxima edição do DiaTipo São Paulo, a maior conferência de tipografia da América Latina, que anualmente proporciona um encontro entre a comunidade de design gráfico do Brasil e palestrantes nacionais e internacionais.
O evento já tem data marcada — 14 de dezembro —, uma identidade visual impecável, e está aos poucos liberando o line-up de workshops e palestras. Siga o DiaTipo SP para ficar por dentro, pegar os lotes promocionais e saber de mais informações.
Instituto Letras Q Flutuam
O projeto Letras Q Flutuam foi criado há mais de dez anos pelas professoras Fernanda Martins e Sâmia Batista para mapear e apresentar os abridores de letras de embarcações que sobem e descem o Amazonas na região da Ilha de Marajó. Ao longo desse tempo, a tradição das letras amazônicas foi abraçada pela comunidade do design gráfico brasileiro, dando visibilidade às suas letras decoradas, e o modo de vida humilde dos pintores que mantêm essas letras vivas.
O Letras Q Flutuam (que já esteve por aqui) cresceu: virou documentário, livro, e, neste ano, tornou-se um instituto voltado para a preservação e defesa das letras amazônicas e seus abridores. Organizou o 1º Encontro de Abridores de Letras, e atua para o devido reconhecimento, pela comunidade e pelo mercado, do trabalho dos pintores de letras do Norte.
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Tipografia espacial (?!)
Ainda não temos um dispositivo de realidade virtual e/ou aumentada que conquistou as pessoas no fator custo/benefício: o Apple Vision ainda é um playground de milionário; o Oculus VR, a um custo menor, mas ainda caro, te oferece a imperdível chance de reproduzir no metaverso tudo de mais chato e insuportável da sua vida real. Só que, mesmo ofuscada pela onda da inteligência artificial, a computação espacial ainda é uma tendência forte para o futuro a médio prazo; e junto com ela, vem a tipografia espacial.
(aliás, nem diria que “espacial” é a melhor tradução pra isso, mas não sei se existe um termo que a academia trabalha melhor em português)
Não que ela represente uma grande mudança no que existe há mais de 500 anos de tipografia, e também não é tão novidade, já que é um assunto bem visitado em design de sinalização e wayfinding, por exemplo. Contudo, não deixa de ser um campo de estudo interessante para exploração da tipografia além de sua bidimensionalidade física. Existe uma série de observações que designers e programadores precisam exercitar ao inserir texto no campo de visão do usuário, e empresas como a Apple e o Google têm dedicado um tempo a pesquisar e sedimentar conhecimento nesta área.
🔗 Fast Company: The era of spatial typography is here
Audi-ciosidade
A indústria automotiva alemã tem sua fama de carros eficientes, longevos, pensados em pequenos detalhes com a frieza e precisão da engenharia mecânica. Isso geralmente reflete-se na publicidade desses carros; dificilmente vemos anúncios super coloridos e ousados de suas principais fabricantes, e até mesmo carros voltados para o público geral têm peças gráficas sisudas e pouco criativas.
Só que, por um breve período na década de 1970, a Audi fez o caminho contrário e promoveu pôsteres no mercado norte-americano anunciando o Audi Fox com letreiros grandes e coloridos, compostos em Avant Garde (sim, a mesma da marca e letterings da Globo, na edição passada), contrastando com fundos brancos e coloridos, e imagens recortadas dos carros em ângulos diferentões. O The Autopian e o Nick Sherman resgataram algumas destas peças que são belos exemplos de ousadia tipográfica bem acertada e audaciosa.
🔗 The Autopian: Audi once had fun typography, colors and dogs
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Faixa bônus: o Bluesky da tipografia brazuca
Como sabemos, o Twitter foi suspenso no Brasil (valeu, Xandão!), e as pessoas que ainda desejam manter o microblogging como uma parte da rotina viram-se no dilema entre o Bluesky e o Threads. Como eu sou uma pessoa muito imparcial (hehehe), trouxe aqui um bom motivo para que vocês juntem-se ao Bluesky e deixem as coisas da Meta para seus pais, vovós e pessoas que são sapatênis ambulantes.
O Bluesky tem os starter packs, links em que você pode reunir outros usuários da rede, para que outras pessoas possam seguir automaticamente essa lista. Existem vários starter packs com temáticas diversas: jornalistas, enstusiastas de música, escritores de newsletters, entre outros. Pelo starter pack criado por este que vos redige, você pode começar uma nova vida de microblogging seguindo uma comunidade de professores, estúdios e artistas de tipografia, lettering e caligrafia do Brasil. (=
🔗 Bluesky: starter pack da comunidade tipográfica BR
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