TipoAquilo Indica #1 – Festa do livro (da USP)
Indicações de livros para quem quer conhecer e se aprofundar em tipografia
De 8 a 12 de novembro de 2023, acontecerá a 25ª Festa do Livro da USP. É o momento perfeito do ano para incrementar e atualizar a estante e alongar pela enésima vez sua fila de leitura por preços mais em conta. Por causa da minha mudança no ano passado, meus livros ficaram empacotados até agosto desse ano e não consegui fazer essa pauta.
Dessa vez, eu quis prestar um pequeno serviço público a quem me pergunta por indicações de livros para conhecer mais sobre tipografia, e juntar em pequenos temas algumas publicações — a maioria delas, disponível no mercado — que merecem estar na biblioteca particular de todo mundo que se interessa pelo tema. Aproveite a antecedência e junte suas janjas para fazer a sua festa do livro na USP e no vindouro DiaTipo SP 2023 (8 e 9 de dezembro de 2023), onde vários desta lista estarão à venda.
Para começar a entender tipografia
Falar sobre letras, fontes e o mundinho particular desta newsletter de uma forma fácil e compreensiva para iniciantes não é das coisas mais simples do mundo. Falar de uma forma iniciática envolve pegar leitores pela mão e apresenta-los a conceitos que parecem invisíveis até o momento em que reparamos neles, em como essas pequenas coisas sempre estiveram ali e que não tem nada de mal não ter reparado nelas até então. Isso é um ótimo trabalho para o Pensar com Tipos, da Ellen Lupton, mas enquanto a Olhares não traz uma reimpressão da edição em português brasileiro, trago outras preciosidades que fazem uma boa introdução à tipografia:
Tipografia: Uma Apresentação, de Lucy Niemeyer. 2AB Editora.
A Linguagem Invisível da Tipografia, de Erik Spiekermann. Editora Blucher.
Entre Parágrafos, de Cyrus Highsmith. Editora Estereográfica.
Para aprofundar o conhecimento
Uma vez ultrapassado o limiar do conhecimento inicial sobre tipografia, quem quer se aprofundar mais e parar de roubar ovelhas precisa entender como ela funciona pelo ponto de vista de quem trabalha intimamente com o assunto. É aqui que as grandes dúvidas sobre pareamento de fontes, conceitos de contraste, comportamento das pessoas durante a leitura, composição e melhores práticas tipográficas são sanadas. Quem quer conhecer a tipografia em toda a sua intimidade e poesia, pode recorrer a:
O Traço: Teoria da Escrita (já comentado aqui), de Gerrit Noordzij. Editora Blucher.
Elementos do Estilo Tipográfico 4.0, de Robert Bringhurst. Editora Ubu.
Enquanto Você Lê, de Gerard Unger. Editora Estereográfica.
Para desenhar fontes
Esse capítulo é um que eu preciso pedir desculpas, já que as grandes referências de desenho de tipos em português estão esgotadas. Achei, por bem, deixar mesmo assim essas indicações como um incentivo para que voltem ao mercado, e para que você procure na biblioteca da sua faculdade ou consiga alguém vendendo exemplares de segunda mão. Quem quer colocar a mão na massa no Glyphs, RoboFont ou FontLab Studio, precisa ter sempre à mão algum destes títulos:
Como Criar Tipos: do Esboço à Tela, de Cristóbal Henestrosa, Laura Meseguer e José Scaglione. Editora Estereográfica.
MECOTipo, de Leonardo Buggy. Editoras Serifa Fina e Estereográfica.
Bônus para herdeiros: Type Tricks, de Sofie Beyer. BIS Publishers.
Para fazer lettering
“Mas Cadu, livro ainda está muito caro! Não dá pra comprar os três, principalmente esse gringo aí!” Por mais que ter vários livros seja sempre bom (variedade de referências, abordagens, pontos de vista etc.), se você quiser ater-se apenas a um e seguir aprendendo até seu lettering tornar-se rentável, é tão possível quanto viável. O livro da Juliana Moore presta um grande favor ao mercado nacional sendo uma referência boa demais de desenho manual de letras, com exemplos dos grandes artistas do lettering nacional ao longo do livro. A edição em portugês do livro da Martina Flor também é outro ótimo guia das primeiras letras às grandes composições.
Desenhando Letras, de Juliana Moore. Editora Sextante.
Os Segredos de Ouro do Lettering, de Martina Flor. Editora Olhares.
Bônus para herdeiros: Lettering Manual, de Ken Barber. Watson-Guptill Publications.
Para entender a história da tipografia
Tem coisas que às vezes são chamadas de “futuro” da tipografia, mas que, na verdade, têm raízes no passado, nos antigos sistemas de gravação e fundição de novos tipos, e no cotidiano das antigas gráficas. Olhar para a história da tipografia permite-nos ver como ela criou uma revolução cultural, estabeleceu as formas das letras que usamos no dia-a-dia, foi engolida pela revolução industrial, e não passou imune aos tabus e preconceitos da sociedade. Para entender melhor estes eventos:
A Letra Impressa, de Claudio Rocha. Editora Senai-SP.
Contrapunção, de Fred Smeijers. Editora Estereográfica.
Inimigas Naturais dos Livros, de Maryam Fanni, Matilda Flodmark e Sara Kaaman (org.). Editora Clube do Livro do Design.
Para ligar pontos
Tipografia é um assunto importante, mas é um dos fundamentos do design gráfico e está ligada à história da escrita e dos símbolos como instrumento de leitura e transmissão de significados. Assim, é importante conectarmos os basilares da tipografia com a nossa rotina de designers, escritores e contemporâneos do capitalismo tardio, a fim de que ela seja tão funcional quanto expressiva e representativa. Já que precisamos lembrar de criar pontes com outras áreas, estes três títulos ajudam a trafegar nosso conhecimento entre diversas áreas:
Sinais e Símbolos, de Adrian Frutiger. Editora Martins Fontes.
Teoria do Design Gráfico, de Helen Armstrong (org.). Editora Ubu.
Revista Recorte #2, de Flora de Carvalho (org.). Editora Clube do Livro do Design.
Para ficar bonito na estante
E é aqui que morre a utilidade pública desta edição. Quer dizer, mais ou menos… não quero dizer que essas publicações não são importantes, mas também não desdigo que estantes bonitas com chaprocas títulos independentes e/ou gringos não dão aquela elevada na autoestima. 😛
Enfim, eu não sou de vasculhar frequentemente a lista de inscritos, mas se você estiver lendo, for herdeiro de algum bilionário e quiser preciosidades tipográficas do mais absoluto bom gosto, eu tenho algumas indicações. Se não for tão herdeiro assim, ao menos as edições originais da Tupigrafia são sempre em conta e carregadas de conteúdo tipográfico brazuca.
The Visual History of Type, de Paul McNeil. Laurence King Publishing.
Take Your Pleasures Seriously, de Luca Barcellona. Lazy Dog Press.
Tupigrafia: the 2000–2020 Anthology, de Claudio Rocha e Tony de Marco. Lazy Dog Press.
Escrito em 101383.05