Tipo Aquilo #6 – Por quê todos os sites parecem iguais?
Pensemos um pouco na Internet há alguns anos: se você começasse a projetar um site, tinha a possibilidade de usar qualquer fonte que você pensasse…
…desde que fosse Verdana, Tahoma, Arial, Trebuchet, Georgia ou Times New Roman. Quaisquer outras, apenas como imagens, ou dentro de algum conteúdo interativo em Flash.
Para quem desenvolvia sites, o mundo já tinha ficado um pouco mais fácil com frameworks como o Blueprint e o 960.gs. Isso engessou muitos sites (até hoje) em grids de 12 colunas de conteúdo, mas economizou tempo em produção de wireframes e de código-fonte. Era mais fácil conceber num projeto gráfico e entregar para o desenvolvedor em quantidade de colunas do que em dimensões arbitrárias.
Então, veio 2012 e o mundo acabou... digo, o primeiro formato de fonte para web foi oficializado pela W3C. Qualquer fonte poderia ser facilmente convertida e exibida em navegadores sem precisar ser instalada, e a experiência de navegar na Internet seria visualmente mais rica e diversa, certo?
Sim. Porém, não.
Olhemos para o Google Fonts, por exemplo. Ele é o maior repositório de novas fontes que muitos sites passaram a usar (como Open Sans, Droid, Roboto, Montserrat etc). Há centenas de fontes disponíveis gratuitamente para download ou uso remoto, mas uma olhadinha rápida na área de análise do Google Fonts mostra um dado estranho: somente as três famílias tipográficas mais usadas concentram mais de 50% das 28 trilhões de visualizações de fontes do acervo.
Endossando esse dado, uma pesquisa do Icons8 feita com sites listados pelo Product Hunt mostra que as escolhas de fontes e combinações são bastante conservadoras. Muitos usam as próprias fontes do sistema (San Francisco, Segoe) ou essas mesmas fontes mais comuns do Google Fonts. O resultado das combinações mais usadas gerou o Fonts That People Actually Use, e uma conclusão de que as pessoas até gostam de fontes diferentes, mas no fundo, não se importam. O que não é verdade.
Existem diversas iniciativas para que designers fujam de escolhas convencionais e explorem mais os acervos disponíveis, ou busquem mais exclusividade e adquiram licenças para uso em sites. Os navegadores e os padrões de HTML e CSS evoluíram muito nos últimos anos, acompanhando os equipamentos que usamos para ver todo tipo de conteúdo pela Internet. Manter escolhas comuns de tipografia, seja por motivos de performance ou por simples desleixo, apenas contribui para que sites pareçam muito iguais.
Recomendações:
🎧 Podcast: Just My Type #2, que conta um pouco da história da Futura .
🎥 Vídeo: Berthold Type Design, um vídeo institucional da Berthold sobre a evolução da tipografia e as mais recentes novidades tecnológicas… da década de 80.
🔗 Link: DontClick.it, um site experimental em que toda a navegação é feita sem nenhum clique (que roda em Flash e você vai precisar do Chrome pra visualizar).
🇧🇷 Fonte brazuca: Vinila, da Flora de Carvalho.
Escrito em 96874.4